sábado, 11 de maio de 2013

Maria, a mulher do equilíbrio



Qual a mensagem mariana fundante que nos foi legada por Padre Alberione? Além das quase 1700 páginas de celebração mariana e dos infindos rosários e orações a Maria, que revelam a sua profunda devoção, qual é o ensinamento fundamental que ele viveu e nos comunicou de sua devoção a Maria?

Para compreendê-lo, deve-se partir muito mais de sua vida e de sua missão, do que de suas páginas a respeito de Maria. E a consciência de sua missão foi clara e profunda: sentiu-se instrumento nas mãos de Deus até atingir a afirmação, durante o mês de Exercícios Espirituais de 1960: “A mão do Senhor está sobre mim, de 1900 a 1960. A vontade do Senhor se realizou, apesar da miséria de quem devia ser seu instrumento indigno e inapto” (UPS I, 374). 
Eis, então, um dos momentos típicos em que Padre Alberione tinha enfocado a sua mensagem essencial: “Para unir as duas vidas há grande obstáculo e dificuldades. Pode-se tender ao desequilíbrio! Tenhamos os olhos em São Paulo, em Maria e no Divino Mestre” (Pr SP 255). A inserção de Maria nesse contexto era uma indicação muito preciosa do sentido mariano em sua vida. 

Maria, juntamente com Cristo e São Paulo, apresentava- se a ele, consciente e maduro, como a síntese muito simples dos opostos. 
• Maria é virgem e mãe;
• é humilde e mais elevada do que qualquer criatura; 
• é serva do Senhor e está consciente de que todas as gerações a chamarão ‘bem-aventurada’; 
• é contemplação silenciosa da Palavra de Deus e é intensa iniciativa de serviço e de amor aos irmãos; 
• é uma pessoa do povo, desconhecida em Israel, e é a Rainha do mundo; 
• é a humilde e simples esposa do carpinteiro de Nazaré e está totalmente à sombra criadora do Espírito, que a torna instrumento imaculado para a vinda do Cristo, na plenitude dos tempos. 

Maria é “o grande sinal” que apareceu no céu da humanidade. No seu interior, Padre Alberione a tinha visto como o instrumento perfeito de Deus, portanto como o grande ideal de sua própria vida apostólica: “Maria corresponde perfeitamente à sua missão, à sua vocação e aos desígnios de Deus: grande segredo de mérito e de glória! Nós também temos uma vocação especial, e Deus se aproximou com tão grande quantidade de graças, que fomos obrigados a nos entregar” (MV 40). 

Eis, portanto, Maria intimamente presente no centro de sua personalidade de “instrumento de Deus”. Ele observou que também em Maria tudo se iniciara e se desenvolvera a partir desse centro. Por isso, deveria ter acontecido nela a indispensável composição das “duas vidas”, em equilíbrio perfeito: “A Santa Virgem soube acolher e conciliar em si os dois métodos de vida; soube unir os méritos, a glória destes dois gêneros de vida: foi a pessoa que esteve mais próxima do seu Filho, e ao mesmo tempo foi ela quem, mais que todos, agiu para dá-lo ao mundo” (IA I, 115). 

Pontos para reflexão 
– O problema perene é sempre o da síntese entre ação e contemplação; em breve, é melhor que a oração penetre na vida, ou que a vida seja inundada pela oração? Cf. Lc 2,51; 10,38-42; Jo 12,2ss; além disso, os capítulos 6, 7, 8 e 11 de “A Alma de todo Apostolado”, de Padre Chautard, EP, 1980. 

Fonte: Catequese Paulina, p. 168-170