quarta-feira, 22 de maio de 2013

Maria, discípula e mestra


“A nossa devoção a Jesus Divino Mestre será aperfeiçoada, se preparada e precedida pela devoção a Maria Mestra”. Assim exorta o Fundador em um opúsculo, que tem por título “Maria, Discípula e Mestra”, de 1959 (cf. CISP 1331-1351). 

Para a devoção a Jesus Caminho, Verdade e Vida, já Leão XIII, com a “Tametsi futura”, foi o inspirador do “carisma espiritual” do Fundador. Também sob este aspecto da nossa devoção a Maria, o Fundador se inspira em outra encíclica do mesmo papa: “Adjutricem populi christiani”: “...Com toda legitimidade, Maria deve ser considerada Mãe da Igreja, Mestra e Rainha dos Apóstolos. Para estes ela distribuiu também aqueles oráculos divinos que ela conservava em seu coração”. 
Papa Leão XIII
E o papa apresenta o magistério de Maria em três direções, que o Fundador desenvolve amplamente no opúsculo citado: 

a. A santidade do exemplo. Se quisermos nos conformar a Cristo e nos identificar com ele, o caminho mais fácil é Maria: – Pela sua fé: “És bem-aventurada, Maria, porque acreditaste”. 178 – Pela sua esperança: “Fazei tudo o que Ele vos mandar”. – Pela sua caridade: “Faça-se em mim segundo a tua vontade”. 

b. A eficácia de suas orações. 

c. A autoridade de seu conselho, porque Maria foi plena de graça e de sabedoria. 

“Se afirmamos ‘Por Maria a Jesus’, será igualmente digna a frase: ‘Por Maria Mestra a Jesus Mestre’” (cf. CISP 1331). 

Mas, o magistério de Maria tem autoridade, em razão do perfeito discipulado diante da Palavra, para a qual ela, com o seu “fiat”, deu o seu corpo; tanto que, como já se afirmou, a verdadeira grandeza de Maria não lhe é atribuída pela maternidade ou por outro privilégio, mas pelo fato de ter permanecido fiel e fecunda ouvinte da Palavra de Deus. Seguindo a trilha dos Santos Padres, João Paulo II o reafirma na “Catechesi Tradendae”: 

“Ela foi a primeira de seus discípulos; primeira no tempo, porque já quando o encontrou no Templo, ela recebe do Filho adolescente lições que conserva no coração; a primeira, sobretudo, porque ninguém jamais foi “ensinado por Deus” em semelhante grau de profundidade. Mãe e Discípula ao mesmo tempo, dizia dela Santo Agostinho, acrescentando com ênfase que, para ela, ser discípula foi mais importante do que ser mãe. Não foi sem razão que, na Sala Sinodal, foi afirmado de Maria que ela é um “catecismo vivo”, “mãe e modelo dos catequistas” (CT 73). 

O discipulado de Maria diz respeito especialmente à Palavra de Deus; é o próprio Jesus quem o reconhece referindo-se à sua mãe, quando uma mulher do povo declara “bem-aventurado” o seio que o amamentou: “Mais bem-aventurados são aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a colocam em prática” (Lc 11,27). 

Não há dúvida, portanto, de que em Maria se encontram, de maneira profunda, os componentes de discipulado-magistério; colocar-nos em sua escola nos “obriga a reconhecer o seu fascínio, o seu estilo evangélico, o seu exemplo educador e transformador: é uma escola que nos torna cristãos” (Paulo VI, 8 de outubro de 1969). 

Pontos para reflexão 
– Penso que se possa afirmar de Maria o mesmo que se disse de Samuel: “Adquiriu autoridade porque o Senhor estava com ele, não permitindo que nenhuma de suas palavras ficasse perdida no vazio” (1Sm 3,19). Refletir sobre a importância desta escuta-obedecer é fundamental para um caminho de experiência de Deus. Cf. Mt 12,48-49; Mc 4, 33-34; Lc 5,2; 8,21; 11,27-28; Jo 2,22; 5,24.47; 8,31.47; 12,38; At 8,14; 11,1; 17,11; 1Ts 1,6; 2,13. 
– Padre Alberione desenvolveu um culto de adoração da Palavra; a esta ele reservava a mesma adoração devida à Eucaristia. São oportunos alguns pensamentos em “Lede as Sagradas Escrituras”: Cf. pp. 61-62; 101; 148-155; 264-265; 186-287; 340-341; 410-413. 
Fonte: Catequese Paulina, p. 177-179