segunda-feira, 17 de maio de 2021

Espiritualidade do Santuário Rainha dos Apóstolos



A “Espiritualidade do santuário”, é assim descrita pelo Padre João Roatta, em seu livro Jesus Mestre (o Fundador a fez sua, transcrevendo um pequeno trecho no opúsculo Maria: Discípula e Mestra, dezembro de 1959: cf. CISP 1350):
“Este santuário surge no centro das casas paulinas, constituindo o coração de toda a instituição. As várias famílias residentes em Roma passam por aí durante o dia todo e também nas horas noturnas, na maravilhosa cripta, para o contato vital com o Mestre, vivo no tabernáculo. A realidade muito simpática é esta: as famílias paulinas vão ao santuário receber Jesus do seio da Virgem-Mãe. Esta obra-prima arquitetônica, que é o santuário da Rainha dos Apóstolos, cria um esplêndido ambiente mariano. O tabernáculo onde reside o Mestre nasce sobre um altar de onde surge uma solene obra artística da Virgem: de um lado a imagem da Imaculada, em contraste com o pecado original; do outro lado, Maria emerge da criação, “primogênita antes de toda criatura”, como obra-prima da Criação, como flor do universo: uma bela flor esculpida próxima da Virgem reforça este pensamento. Da flor, o fruto: de fato, no tabernáculo encontramos o fruto do seio da Virgem, Jesus, o formador das pessoas...”


O Santuário é o fruto da fidelidade a uma promessa feita no início da desastrosa Segunda Guerra Mundial, com seus 55 milhões de mortos. No entanto, nenhum membro da Família Paulina morreu por causa do conflito. De fato, “o lugar da promessa está mais ou menos no centro da igreja construída; e está demarcado no círculo assinalado no pavimento e circunscrito pelas palavras lapidares: ‘No final do ano mariano – saídos incólumes da terrível guerra – os filhos oferecem à Mãe, em cumprimento da sua promessa – a 8 de dezembro de 1954’” (CISP 596).

O Fundador traçou o esquema inicial e seguiu atentamente todas as fases do projeto e da realização arquitetônica; deu o tema aos artistas, conduzindo-os espiritualmente na árdua tarefa; toda a estrutura tem, como alma, um tema doutrinal vastíssimo e unitário: “Maria, mãe espiritual da humanidade”.
O projeto foi do arquiteto Leo Favini e do engenheiro José Forneris, que realizou também a obra; colaboraram para a decoração algumas entre as mais expressivas figuras da arte italiana: o professor Santágata firmou os afrescos da grande cúpula; o mosaico da cripta é do professor Pedro Gaudenzi; os escultores, Teófilo Raggio e Attilio Selva, autores dos baixosrelevos, dos frontais etc.; o grande ícone da Rainha dos Apóstolos é obra do professor Henrique Gaudenzi e do professor Sérgio Sala.

O Santuário, porém, tem objetivos bem claros, descritos pelo Fundador no dia da Dedicação do Santuário, na fervorosa “hora de adoração” (8 de dezembro de 1954):
1.Centro de oração para as vocações: “Vocações para todos os apostolados, vocações para todos os
Institutos religiosos, vocações para todos os seminários...”
2. O dom do Espírito sobre nós, apóstolos: “Para estes operários do Evangelho, obtende o Espírito Santo que é o Espírito de Jesus. Seja renovada, para eles, a festa de Pentecostes”.
3. Frutos de vida, frutos de apostolado: “Assisti, acompanhai, aplainai os passos e assegurai abundantes frutos para estes operários do Evangelho”.
4. Fonte de apostolado completo: “O mundo somente será salvo se acolher Jesus, como Ele é: toda a sua doutrina, toda a sua liturgia”.
5. Abundância de graças: “Concede a todo aquele que entrar neste templo para pedir-te graças, que saia contente por ter sido atendido”.
6. Grande influência social: “Tu, ó Maria, tens uma missão social”, isto é, proteger a família, a sociedade religiosa, a Igreja, a sociedade das Nações, a verdadeira civilização.
7. Caminho do céu: os episódios da vida de Jesus e de Maria “indicam-nos por quais caminhos devemos passar, para chegarmos ao céu”.

Pontos para reflexão
– Cf. CISP 462-464; 589-600; 645; 1350-1351.
– R.F. Espósito, A dimensão cósmica ... pp. 40 ss.; 60ss.
– Cf. As orações da Família Paulina, pp. 235-260.
– Cf G. Perego, “O Santuário...” pp. 77-132. 188
Fonte: Catequese Paulina, p. 183-184

Maria é apóstola: deu Jesus ao mundo



“Ser-para-Cristo”: esta é a essência espiritual de Maria. Padre Alberione, organizador de obras apostólicas para tempos novos, perscruta atentamente, na Palavra de Deus, o sentido de “apostolado” e descobre em Maria a realização original e perfeita do objetivo apostólico específico de cada pessoa chamada: “gerar” e “formar” Cristo nas pessoas. 

Se o apostolado, em seu sentido integral, é gerar e fazer crescer o Cristo nos irmãos, Maria é a própria expressão do apostolado: ela gerou (= edidit) Cristo para o mundo. A partir dessa intuição, assume todo o seu valor o apostolado das edições, em sentido amplo: “Com o nome de ‘edição’ não entendemos apenas um livro; entendemos outras coisas. A palavra “edição” tem muitas conotações: edição do periódico, edição de quem prepara o script para o filme, de quem prepara o programa para a televisão, de quem prepara as mensagens a serem comunicadas por meio do rádio. ‘Edidit nobis Salvatorem’, diz a Liturgia. A Virgem nos deu o Salvador. Usa o verbo ‘edidit’” (Pr 1954, 137). 

1. Antes de tudo, Maria “sempre traz Jesus, como um ramo traz o fruto, oferecendo-o às pessoas” (CISP 38). Ela “irradia” Jesus. O verbo “irradiar” indica a 172 natureza do apostolado, que é sempre e acima de tudo “recepção”, “assimilação” e “testemunho” do Cristo anunciado e dado (RdA 17). Sabemos que isso tem para Maria um sentido muito mais profundo do que possa tê-lo para qualquer apóstolo e santo. Descrevendo o apóstolo, Padre Alberione delineia estas características: 

• é um santo que acumula tesouros, comunicando o excedente às pessoas; 
• traz Deus no próprio ser, irradiando-o em torno de si; 
• ama de tal modo a Deus e aos seres humanos que não pode guardar para si tudo o que sente e pensa; 
• ostensório que contém Jesus Cristo e expande uma luz inefável ao seu redor; 
• é um vaso de eleição que derrama, porque transbordante, e de cuja plenitude todos podem se beneficiar; 
• é um templo da Santíssima Trindade, a qual é extremamente operante; transpira Deus por todos os poros. 

E conclui: “Ora, com esse retrato, examinai a face de pessoas próximas ou distantes: reconheceis nelas o apóstolo? Em grau máximo, com inacessível semelhança, este é o rosto de Maria” (RdA 34-35). Agostinho chamará Maria de “forma Dei”: a sua maternidade é funcional e constitutiva para a Igreja de todos os tempos. 

2. Maria nos dá Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida. E no-lo dá todo inteiro. A sua ação não se esgota no “dar Jesus”, mas pretende formá-lo nas pessoas. 

Eis por que Maria “forma e alimenta o Corpo místico”, tornando-se, assim, o modelo de todo apostolado: “Maria nos deu Jesus: nele, todos os bens e o bem todo. Os santos e os corações apostólicos têm o apostolado dividido; Maria o possui todo inteiro. Ela é a apóstola universal no espaço, nos tempos, nos indivíduos. Os apostolados e os apóstolos agem em tempos e lugares próprios; Maria age sempre; age em todo lugar; e tudo chega até nós por meio de Maria. Esta é a sua vocação, a sua missão: dar Jesus Cristo” (RdA 20). 

Eis por que Padre Alberione, referindo-se ao ensinamento de São Pio X, afirma que por Maria será realizada a “cristianização do mundo”; este é o caminho “mais fácil e seguro” para a conversão de todos: não só enquanto anunciamos Maria, sempre e para todos, mas enquanto ela é acolhida na vida de cada um (RdA 24ss). 

Pontos para reflexão 
– A vida grita sempre mais forte do que as palavras que pronunciamos e do que as obras que fazemos. Portanto, o apóstolo primeiro é, e depois faz. Cf. Mt 4, 18-22: Mc 1,17: Lc 24,48: Jo 15,27; 20,21-23; At 4,33; 1Cor 3,5-15; 2Cor 12,12; Ef 6,19s.; Cl 1,25-29; 2Tm 1,11; 2,15.

 – No livro de Padre Alberione, Maria Rainha dos Apóstolos, encontramos numerosas descrições do apostolado de Maria: cf. as páginas 14, 20, 34-35, 88, 237, 251-253, 272; além disso, cf. UPS IV, 267-268; HM VIII, 78-79, 192-193; CISP 1044, 1476; Pr RA 229.