sábado, 4 de maio de 2013

A devoção mariana do Padre Alberione

Da comunidade de Perugia
“A mãe nos tinha consagrado todos a Maria, Rainha das Flores, logo que nascemos”. Assim escrevia Padre Alberione em 1956, que tinha aprendido a amar profundamente a Maria, ainda no colo de sua mãe.
“Era fácil rezar a Maria quando éramos pequenos. Nossa mãe pegava nossas mãozinhas, colocava-as juntas e dizia: ‘Ave, Maria’; e nós, talvez um pouco distraídos, para dar alegria à mamãe, pronunciávamos as palavras. Quantas vezes, a mamãe nos terá levado à  Igreja, diante de Nossa Senhora, e nos terá consagrado a ela! Portanto, desde pequenos, com quatro ou cinco anos, já rezávamos a Maria” (Pr RA 117).
Depois da famosa noite de “luz”, começa o seu trabalho ascético de purificação, muito atormentado em seus primeiros anos. Esse tormento está gravado no “Diário” da juventude, que abrange exatamente os primeiros anos depois de reentrar no seminário. A salvação lhe vem de Maria: “E Maria: ‘fecit mihi magna qui potens est’. Como é bondosa esta Mãe! Quanto cuidado tem pelos infelizes!” (SC 4).

Nossa Senhora das Flores (Bra)
Educação em família

 A família em que Padre Alberione nasceu e foi educado, e as localidades em que transcorreu a sua adolescência e tomou as decisões fundamentais de sua  vida, o encaminharam, pois, a um contato com Maria, que ele não só não deixou diminuir, como também o desenvolveu plenamente com notável intensidade, que hoje o coloca entre os grandes devotos de Maria. A sua devoção mariana está ligada a três santuários:
Nossa Senhora da Moretta (Alba)

a. Santuário de Nossa Senhora das Flores, em Bra, onde foi consagrado pela sua mãe a Maria e onde assumiu
os primeiros compromissos com Maria (cf. MV 114).

b. Santuário de Nossa Senhora da Moretta, em  Alba: local da sua oração, quando clérigo e nos primeiros anos de sacerdócio (cf. HM VI, 47). Neste Santuário, especialmente, aconteceu a escolha definitiva de sua vida: o encaminhamento para sua missão específica na Igreja. Era o dia 12 de setembro de 1911 (cf. CISP 179).

c. Santuário “Rainha dos Apóstolos, obra monumental, fruto de uma promessa feita no início da Segunda Guerra Mundial: “Ó Maria, Mãe e Rainha dos Apóstolos, se salvardes a vida dos nossos e das nossas, construiremos aqui a igreja em louvor ao vosso nome”. Ele mesmo recordou esse fato a 8 de dezembro de 1954, dia conclusivo da dedicação do Santuário (cf. CISP 595s).


Santuário Rainha dos Apóstolos (Roma)

Maria na obra paulina

 Em sua obra de Fundador, afirmou, em diversas oportunidades, a presença insubstituível de Maria: “Maria é a Mãe dos Religiosos. Ela está na origem das instituições religiosas, como esteve no princípio da Igreja, antes de Pentecostes” (SVP 212). “Somente com Maria, um fundador pode conceber e iniciar uma instituição; é necessária uma soma tão grande de graças, que somente nela se pode esperar que seja fácil aquilo que por si mesmo é árduo e impossível” (RdA 276s).

Ele escreveu muitíssimo a respeito de Maria, mesmo que permaneça difícil, no conjunto de elementos que se seguem e que se repetem incessantemente sem ordem, construir um ensinamento lógico e progressivo. Em seus escritos existe um complexo de 1700 páginas de celebração mariana; deve-se, porém, partir sempre de sua vida e de sua missão, para compreender o seu pensamento mariano.
Padre Alberione foi sobretudo um homem de  intensa oração mariana. Sendo tantas as páginas de seus escritos, é incalculável o número de rosários recitados, especialmente depois de 1914, quando, já iniciada a primeira construção, foi atingido por estranha e aguda forma de artrose que não lhe permitiu, até à morte, dormir mais do que poucas horas por noite.
E continuou sempre assim, até os dias 25-26 de novembro de 1971, quando no fim da vida, com o seu já gasto rosário nas mãos, movia os lábios em ritmo incessante, expressão daquela oração contínua que se havia tornado a sua respiração e o seu sustento.


Pontos para reflexão
– A presença de Maria é insubstituível, não apenas na vida dos fundadores, mas também na vida dos simples cristãos e religiosos (HM VIII, 79, 94).
– Cf os documentos da Igreja LG 56, 63, 67 e PC 25; OT 8;
AG 42; Marialis Cultus, de Paulo VI (1974).

Fonte: Catequese paulina, p. 165-167

sexta-feira, 22 de março de 2013

A iconografia de Maria Rainha dos Apóstolos

O bem-aventurado Tiago Alberione sempre valorizou a imagem na comunicação. Pensou também  em expressões, reflexões, orações e numa imagem que expressasse a devoção a Maria Rainha dos Apóstolos.
Na nascente Família Paulina:
. 1919 - Iniciou a invocação de Maria com o título de Regina Apostolorum (Rainha dos Apóstolos)
. 1922 – No Livro de Orações: aparece a Oração Maria Imaculada e,  para se rezar aos Sábados, Coroazinha à Rainha dos Apóstolos
. 1923 - É encomendado o quadro de Ir. Cecilia Verra
. 1928 – É  lançado o  livro do Pe. Timóteo Giaccardo intitulado “Rainha dos Apóstolos”

Como invocar Maria?. “Em 1919, no dia 8 de dezembro, festa da Imaculada Conceição, vieram a mim os seminaristas e jovens aspirantes para me pedir com qual título nós devemos invocar Maria, qual seria a nossa devoção […] já se havia pensado e rezado e, então, dei a resposta: invocar Maria com o título de “Regina Apostolorum”, para que sejam santificados os apóstolos e apóstolas, para que façam o bem às pessoas e depois, para que apóstolos e fiéis estejam todos juntos no céu”. (1964)
. Outubro de 1922
Pe.Alberione sugere o Rosário com os mistérios que recordam o título Rainha dos Apóstolos:
1º gozoso, 5º doloroso, 3º, 4º e 5º gloriosos.
E o título é enriquecido com os atributos de Mãe e Mestra.
Recorda Pe. Alberione:
Algumas imagens já existiam na arte cristã.  Maria entre os apóstolos Pedro e Paulo ( século IV)


Em 1845, S. Vincenzo Pallotti criou a imagem de “Rainha dos Apóstolos”, em tela, arte de Serafino Cesaretti. S. Vincenzo fez acrescentar no quadro duas mulheres, como sinal do apostolado leigo unido ao dos apóstolos e seus sucessores.

  Em 1919 já aparece na Arte Cristã a expressão desta devoção.



    Aparece numa página da oração Pelas Vocações – Diocese de Turim de 1920

Alberione pensa numa iconografia própria
  Em março de 1923,  decide criar uma imagem própria para a Família Paulina.
Foi-lhe apresentada a pintura de autoria da monja dominicana Ir. Cecilia Verra.
A realização do quadro não satisfaz plenamente Pe. Alberione… há alguma novidade,  mas “não descreve” meu pensamento sobre Maria Rainha dos Apóstolos.
  Em 1928,  Pe. Alberione escreve a Pe. Giaccardo: 
“[…]Procure uma imagem da Rainha dos Apóstolos. Creio que a pintura da irmã  é um tanto imperfeita.” 
  Em 1934 fez o projeto para um novo quadro.
Em 1934, manifesta também, o desejo de construir uma Igreja dedicada a Maria Rainha dos Apóstolos.
Em 1935 foi lhe apresentado o quadro de Giovanni Battista CONTI
Pe. Alberione quer visualizar o que significa para ele chamar Maria RAINHA DOS APÓSTOLOS
O novo quadro chegou à Casa Mãe, na Páscoa de 1935. Pe. Alberione viu nele uma ótima realização artística do conceito teológico-pastoral sobre a devoção à Rainha dos Apóstolos e exultou:
     «O quadro da “Rainha dos Apóstolos” chegou na Páscoa:  belo, devoto, grande.
E' obra do Prof. Conti.
 Agora serão feitas fotografias grandes, pequenas imagens, quadros para as várias Capelas."
(San Paolo 1935, n, 14 abril - UCAS 1935-junho).

Com o título “O novo quadro da “Rainha dos Apóstolos”,  no boletim “San Paolo” do mês de maio de 1935, o Fundador faz uma admirável síntese da sua mariologia:
Caríssimos,
 Diante da nossa Mãe, Mestra, Rainha é espontâneo repetir:
 “Mostra-nos, depois deste exílio, Jesus, o fruto bendito de teu seio,
ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria”
Numa intensa luz, Maria cumpre seu apostolado:  dar Jesus ao Pai, aos homens, ao céu.
Deus Jesus Cristo à terra…
Apresentou Jesus aos pastores , chamados os primeiros junto ao berço do Salvador, representando o povo humilde, herdeiro das promessas divinas…
Apresentou Jesus a S. José, seu fiel esposo e pai adotivo de Jesus. 
Apresentou Jesus a S. João Batista…
Apresentou Jesus aos pagãos, representados pelos Magos, vindos a Belém…
Apresentou Jesus ao templo, oferecendo o Menino, Vítima digna e Sacerdote eterno ...
Apresentou Jesus aos Egípcios, que levou no exílio…
Apresentou Jesus a Nazaré, exemplo perfeito de vida escondida, modelo de todas as virtudes individuais, domésticas, sociais, religiosas e civis.
Conduziu-o ao templo e o apresentou como Sabedoria do Pai aos Doutores…
Apresentou Jesus aos apóstolos nas bodas de Caná… onde fez antecipar
a hora de manifestar-se fazendo o milagre da transformação da água em vinho…
Apresentou Jesus crucificado, salvação do mundo inteiro …
Apresentou Jesus ao Pai no dia da Ascensão…
Deu, pela sua oração, o “espírito de Jesus” aos Apóstolos e à Igreja nascente.
Ela nos mostrará Jesus no nosso ingresso no paraíso… 
Maria dá sempre Jesus, como um ramo que sempre o leva
e o oferece aos homens: sofredor, glorioso, eucarístico: caminho, verdade e vida dos homens.
É a Apóstola de Jesus: não com palavras somente, mas de mente, vontade e coração".
Postal divulgado em 1936
Postal divulgado em 1938
  Em 1947 é publicado o livro de Pe. Alberione Maria Rainha dos Apóstolos

   O Templo dedicado à Rainha dos Apóstolos, inaugurado em 1954
Hoje,
Santuário Basílica Rainha dos Apóstolos, Via A. Severo 56, Roma.
Em pintura no teto do Templo, Alberione fez expressar os dogmas marianos:
Mãe de Deus (Celestino I – 431)
Maria sempre virgem - (Martino I – 649)
 Maria Assunta ao céu – (Pio XII – 1950)
 
Santuário/ Roma
No final de 1954, estava sendo acabada a construção do Santuário Basílica da Rainha dos Apóstolos
em Roma, consagrado e aberto ao culto no dia 30 de novembro.
Numa hora de adoração, no final de 1954, o bem-aventurado Tiago Alberione entregou a Maria o Santuário, como agradecimento à Virgem pela proteção durante a guerra, e fez esta oração:
"Tu, ó Maria, tens uma missão social:
Primeiro: santificaste uma casa, domicílio das virtudes domésticas:
guarda a primeira sociedade que é a falia.
Segundo: deste início à vida religiosa, com o voto de virgindade e a obserncia de uma perfeita obediência e pobreza:
guar­da a sociedade religiosa.
Terceiro: carregaste nos braços a Igreja nascente, sociedade sobrenatural instituída pelo teu Filho Jesus: guarda a Igreja.
Quarto: a ti foi confiada a humanidade, da qual és mãe espiritual e que deve irmanar-se numa sociedade supranacional: graças a Ti, se unem os homens na verdade, caridade, justiça:
guarda a Sociedade das Nações.
Quinto: Em Jesus Cristo és a Mãe da civi­lização, que brota do Evangelho e se realiza na obra da Igreja: guarda a verdadeira civi­lização".

Esta mariologia social do bem-aventurado Alberione pode constituir um vasto hori­zonte para que os leigos, nas pegadas de Mria, situem a própria missão profética, real e sacerdotal, desde a santificação das falias até o compromisso para que desabroche a civilização que brota do Evangelho.