sábado, 3 de maio de 2014

Devoção mariana do Padre Alberione


As primeiras experiências da devoção mariana de Tiago Alberione aconteceram na família onde se recitava diariamente o Rosário.
Nossa Senhora do Rosário


À Senhora do Rosário era dedicado o arco do Belvedere em Cherasco.
À Rainha do Rosário era consagrada uma bela Igreja da cidade, Santa Maria do Povo.
A recitação do Rosário foi para o pequeno Alberione a "escola evangélica" por excelência, da qual falará frequentemente como pastor e fundador. Escola de mentalidade cristã, de santidade e de espírito missionário.

A Senhora das Flores
A mamãe Teresa consagrou seus filhos à Nossa Senhora das Flores. Alberione escrevia em 1956:  "Mamãe nos tinha consagrado todos a Maria, Rainha das Flores, apenas recém-nascidos".
O Santuário da Senhora das Flores lembra o lugar onde uma jovem, assediada por soldaods franceses, tinha invocado a Virgem e fora prodigiosamente defendida.

Em Mihi vivere Christus est" Alberione fala de uma promessa feita a ela, aos 9 anos, para que fosse promovido na escola. Como fora promovido, a mãe lhe disse: "Devagar em prometer! Seja generoso em cumprir. Vá e não acenda uma vela pequena" (MV 114).

La Madonnina
A bem-aventurada Virgem das Graças em Cherasco ( A Senhorinha)
Sabe-se por informações de Tômalin, o último irmão de padre Alberione: "Fui muitas vezes à Missa com Tiaguinho, também nos dias de semana e sempre nos dias festivos. Íamos a São Martinho e outras vezes à Madonnina". Em 1912, deu-se o início do apostolado das edições com a impressão do livro A bem-aventurada Virgem das Graças em Cherasco.

Madonna della Moretta
Ao sul de Alba
O Santuário foi um lugar mariano muito caro ao padre Alberione. Sacerdote e Fundador, ele foi frequentemente pedir a Maria luz, força, ajuda nos momentos difíceis.
Em 12 de setembro de 1913, último dia do tríduo, o senhor teólogo foi convidado a pregar no Santuário della Moretta. Falou sobre "Maria tem como principal apostolado o de dar Jesus ao mundo". Dom José Re, bispo de Alba, estava presente neste dia, e encarregou Alberione para cuidar da imprensa diocesana, a qual abriu o caminho ao apostolado. (cf AD 30). "Dali todo o desenvolvimento" (CISP 179). Soara a "hora de Deus". Menos de um ano depois, 20 de agosto de 1914, padre Alberione iniciava a Família Paulina.

Imaculada
Uma outra forma de piedade cara ao jovem Alberione foi a devoção à Imaculada. A festa era recente e evocava muitos significados: doutrinais, pedagógicos, apostólicos. À Imaculada era dedicada a capela do Seminário de Bra. Diante daquela branca estátua Tiago viveu o seu "mistério pascal" na primavera de 1900, quando foi demitido do Seminário. No seu Diário Juvenil ele mesmo testemunha: "anos turbulentos, fatais para meu instinto que aspirava à grandeza. Mas, Maria me salvou!"
As Glórias de Maria
O encontro de Alberione com Santo Afonso de Liguori (1696-1787)deu-se sobretudo mediante as Glórias de Maria e as práticas por ele sugeridas "para conquistar a devoção a Maria". Isto se revelará depois na catequese e na atividade editorial de Alberione. Por exemplo, quando promoverá a contínua reimpressão de escritos alfonsianos.


"Perfeita devoção a Maria"
Outro mestre da piedade mariana de Alberione foi Grignion de Monfort (1673-1716) do qual Alberione apreende o senso austero, exigente e missionário da "perfeita devoção a Maria" e da perfeita consagração a Jesus Cristo, com a determinação de fazer "tudo com Maria, por Maria e em Maria".
Magistério da Igreja - Leão XIII
Alberione descobre o magistério iluminado do papa Leão XIII (1810-1903). Das suas numerosas encíclicas, duas sobretudo tiveram um influxo determinante na formação de Tiago Alberione:
Adiutricem populi christiani sobre Nossa Senhora (1895) e
Tametsi futura sobre Jesus e a salvação do novo século (1900).
A primeira foi reveladora para a sua compreensão de Maria como "Mãe, Mestra e Rainha dos Apóstolos".
A segunda, pela sua visão de Cristo como inspirador de uma nova cultura cristã, "Mestre" do pensamento, da moral, da oração, porque só ele é "o Caminho, a Verdade e a Vida"(Jo 14,6).

Mãe do Bom Conselho
Inspiradora de todo este caminho de formação em Alba era a Mãe do Bom Conselho, à qual era dedicada a capela do Seminário, e  cuja imagem (a Virgem com o Menino nos braços) inspirará de alguma forma o futuro quadro da Rainha dos Apóstolos.

Mãe da Divina Graça
Em 1922 o Fundador teve um sonho. Viu a Nossa Senhora aureolada de luz que lhe dizia: "Sou a Mãe da divina Graça".

Nossa Senhora de Langa, em Benevello
Santuário da cura
É um Santuário dedicado à Virgem da Anunciação.
Em junho de 1923, Padre Alberione adoeceu gravemente. Tinha 39 anos. "Acrescente-se a saúde precária. "não o salvareis. A tuberculose toma conta dele", diziam ao bispo..."(AD 112). Os médicos haviam lhe dado 18 a 24 meses de vida. Para se recuperar foi hospedar-se na casa paroquial  de Benevello. Padre Alberione permaneceu em Benevello até os primeiros dias de setembro, perfeitamente curado. Os mais antigos do lugar recordam das frequentes visitas que padre Alberione fazia ao Santuário, recitando o rosário pelo caminho até a capela da Senhora de Langa.
Em seguida, Alberione contou sobre o sonho em que lhe apareceu o Divino Mestre confirmando o Instituto recém-iniciado, dando-lhe o programa de vida: "Não tenham medo. Eu estou convosco - Daqui quero iluminar - Tenham arrependimento dos pecados".

Santuário da Rainha dos Apóstolos

Coração mariano da Família Paulina em Roma.
Santuário “Rainha dos Apóstolos”, obra monumental, fruto de uma promessa feita no início da Segunda Guerra Mundial: “Ó Maria, Mãe e Rainha dos Apóstolos, se salvardes a vida dos nossos e das nossas, construiremos aqui a igreja em louvor ao vosso nome”.Ele mesmo recordou esse fato a 8 de dezembro de 1954, dia conclusivo da dedicação do Santuário (cf. CISP 595s).

Auxiliadora do povo ( Adiutricem populi) - Leão XIII

ADIUTRICEM POPULI
 
Carta encíclica do papa Leão XIII, de 5 de setembro de 1895
na qual Alberione se
inspirou para o título de Rainha dos Apóstolos

A todos os Veneráveis Irmãos Patriarcas, Primazes, Arcebispos, Bispos do Orbe Católico em graça e comunhão com a Sé Apostólica, sobre o Rosário de Nossa Senhora.
Veneráveis Irmãos, Saúde e Bênção Apostólica.

Consolador despertar da piedade mariana

1. E coisa boa celebrar com louvores sempre maiores e implorar com sempre mais viva confiança a Virgem Mãe de Deus, poderosa e misericordiosíssima auxiliadora do povo cristão. Com efeito, os motivos desta confiança e destes louvores são multiplicados por esse rico e variado tesouro de benefícios sempre mais abundantes derramados em toda parte por Maria para o bem-estar comum.
E, em troca de tal munificência, os católicos certamente não têm faltado ao seu dever de profundo reconhecimento. Visto como hoje, mais do que nunca, não obstante a presente luta contra a religião, podemos ver aumentados e sempre mais afervorados, em todas as classes da sociedade, o amor e o culto para com a beata Virgem.
E a reconstituição e a multiplicação das confrarias sob o seu patrocínio; a construção de suntuosos monumentos dedicados ao seu augusto nome; as peregrinações de multidões devotíssimas aos santuários mais venerados; os congressos que têm como finalidade uma sempre maior difusão da sua glória; e inúmeras outras manifestações deste gênero, excelentes por si mesmas e de feliz augúrio para o futuro, são luminosa prova deste fato.
Mas a Nós apraz recordar aqui de modo especial que, entre as múltiplas formas de piedade para com Maria, a mais estimada e praticada é a, tão excelente, do santo Rosário. Isto, dizíamos, é de grande alegria para nós; porquanto, se temos dedicado parte notável das Nossas solicitudes a propagar a devoção do Rosário, tocamos com a mão a realidade de com que benevolência a Rainha do Céu, assim invocada, tem correspondido aos Nossos votos; como esperamos que Ela quererá também amenizar as dores e as amarguras que os próximos dias nos preparam.

Orar pelo retorno dos dissidentes
2. Mas é sobretudo para a difusão do Reino de Cristo que Nós esperamos do poder do santo Rosário um socorro mais eficaz. O intento que Nós agora com mais vivo desejo nos prefixamos, como muitas vezes temos dito, é a reconciliação dos povos separados da Igreja; declarando, ao mesmo tempo, que o êxito devemos esperá-lo sobretudo das fervorosas preces dirigidas à onipotência divina. Isto Nós também recentemente afirmamos, por ocasião da solenidade de Pentecostes, recomendando fossem dirigidas, nesta intenção, preces especiais ao Espírito Santo. E sabemos que o nosso convite foi correspondido em toda parte com grande solicitude.
Mas, dada a importância da difícil empresa, e a necessidade de perseverar em toda santa ousadia, vem aqui muito a propósito o conselho do Apóstolo: "Perseverai na oração" (Cl 4, 2); tanto mais quanto os felizes inícios da obra são de incitamento a esta perseverança na oração. Portanto, ó Veneráveis Irmãos, fareis a coisa mais útil para este fim, e para Nós mais grata, se, durante todo o próximo Outubro, vós e os vossos fiéis invocardes conosco devotissimamente a Virgem Mãe, com a recitação do santo Rosário nas formas prescritas. Poderosos motivos impelem-nos a, com absoluta confiança, confiar à sua proteção os Nossos projetos e os Nossos votos.

Maria no Cenáculo mestra dos apóstolos
3. O mistério do imenso amor de Cristo a nós teve, "entre outras, uma luminosa manifestação quando Ele, perto de morrer, quis confiar ao seu discípulo João aquela mãe, sua própria Mãe, com aquele solene testamento: "Eis aí teu filho!" Ora, na pessoa de João, segundo o pensamento constante da Igreja, Cristo quis indicar o gênero humano, e, particularmente, todos aqueles que a Ele adeririam pela fé. E é justamente neste sentido que S. Anselmo de Cantuária exclama: "O' Virgem, que privilégio pode ser tido em maior consideração do que esse pelo qual és a mãe daqueles para os quais Cristo se digna de ser pai e irmão?" (S. Anselmo de Cantuária., Oratio 47).
Por sua parte, Maria generosamente aceitou e tem cumprido essa singular e pesada missão, cujo inícios foram consagrados no Cenáculo. Desde então ela ajudou admiravelmente os primeiros fiéis com a santidade do seu exemplo, com a autoridade dos seus conselhos, com a doçura dos seus incentivos, com a eficácia das Suas orações, tornando-se assim verdadeiramente mãe da Igreja e mestra e rainha dos Apóstolos, aos quais comunicou também aqueles divinos oráculos que ela "conservava ciosamente no seu coração".


Do Céu, Maria vela sobre a Igreja
4. Impossível seria, pois, dizer que amplitude e que eficácia hajam adquirido os seus socorros, quando ela foi levada para junto de seu divino Filho, àquele fastígio de glória que convinha à sua dignidade e ao esplendor dos méritos. Com efeito, de lá do alto, consoante os desígnios de Deus, ela começou a velar sobre a Igreja, a assistir-nos e a proteger-nos como uma mãe; de modo que, depois de ter sido a cooperadora da redenção humana, tornou-se também, pelo poder quase ilimitado que lhe foi conferido, a dispensadora da graça que em todos os tempos jorra dessa redenção.
Por isto, com bem razão as almas cristãs, obedecendo como que a um instinto natural, sentem-se arrastadas para Maria, para lhe comunicarem com toda confiança os seus projetos e as suas obras, as suas angústias e as suas alegrias; para recomendarem com filial abandono suas pessoas e suas coisas à bondade e solicitude d'Ela. Por este justíssimo motivo, todos os povos e todos os ritos têm-lhe tributado louvores, que têm vindo sempre crescendo com o sufrágio dos séculos. Donde os títulos a ela dados de "Mãe nossa, nossa Mediadora" (S. Bernardo, Sermo II in Advento Domini, n. 5), "Reparadora do mundo inteiro" (S. Tharasius, Oratio in Praesentatione Deiparae), "Dispensadora dos dons celestes" (In Off. Graec., 8 dec., post oden 9).

Maria e a difusão do Evangelho
5. Ora, já que a fé é o fundamento e princípio dos dons divinos pelos quais o homem é elevado, acima da ordem da natureza, aos bens eternos, com toda a razão se celebra a mística influência de Maria para fazer adquirir e frutificar a fé. Maria, com efeito, é aquela que gerou o "autor da fé", e que, em razão da sua fé, foi saudada "Bem-aventurada" "Ninguém, ó Virgem, tem pleno conhecimento de Deus senão por ti; ninguém se salva senão por ti, ó Mãe de Deus; ninguém, senão por ti, recebe dons da misericórdia divina" (S. Germano Constantinopolitano, Oratio II in Dormitione B. M. V.). E, certamente, não poderá parecer exagerada a afirmação de que especialmente pela sua guia e pelo seu auxílio foi que, mesmo entre enormes obstáculos e adversidades, a sabedoria e as ordenações evangélicas se difundiram tão rapidamente em todo o mundo, instaurando por toda parte uma nova ordem de justiça e de paz.
Consideração esta que sem dúvida devia estar presente ao ânimo de S. Cirilo de Alexandria quando, dirigindo-se à Virgem, lhe dizia: "Por ti os Apóstolos pregaram aos povos a doutrina da salvação; por ti a santa Cruz é louvada e adorada no mundo inteiro; por ti os demônios são afugentados e o homem chamado de novo ao céu; por ti toda criatura, detida pelos erros da idolatria, é reconduzida ao conhecimento da verdade; por ti os fiéis chegaram ao batismo, e em toda parte do mundo foram fundadas as Igrejas" (S. Cirilo de Alexandria, Homilia contra Nestorium).

Maria, cetro da verdadeira fé
6. Além disto, consoante o louvor do mesmo Doutor, ela foi vigorosíssimo "cetro da verdadeira fé" (S. Cirilo de Alexandria, Homilia contra Nestorium), pelo contínuo cuidado que teve de manter firme, intacta e fecunda, entre os povos, a fé católica. E disto existem provas numerosíssimas e assaz conhecidas, confirmadas às vezes por acontecimentos prodigiosos. Sobretudo nas épocas e nas regiões em que se houve de deplorar a fé esmorecida por causa da indiferença, ou atacada pelo pernicioso contágio dos erros, foi que o clemente socorro da Virgem se fez particularmente sentir.
Foi então que, graças ao seu impulso e ao seu apoio, surgiram homens, eminentes por santidade e por zelo apostólico, prontos a repelir os ataques dos perversos, a reconduzir as almas à prática e ao fervor da vida cristã. Sozinho, mas poderoso como muitos juntos, Domingos de Gusmão consagrou-se a esta dupla tarefa, tendo posto com êxito a sua confiança no Rosário de Maria.
E ninguém poderá pôr em dúvida que grande parte tenha a Mãe de Deus nos serviços prestados pelos veneráveis Padres e Doutores da Igreja, que tão notavelmente trabalharam em defender e ilustrar a doutrina católica. De fato, é a ela, sede da divina sabedoria, que eles atribuem com gratidão a fecunda inspiração dos seus escritos; foi por obra da Virgem Santíssima, e não pelo mérito deles, conforme eles mesmos atestam, que a malícia dos erros foi debelada.
Enfim, príncipes e Pontífices Romanos, guardas e defensores da fé tiveram o costume de recorrer sempre ao nome da divina Mãe: uns na direção das suas guerras sagradas, outros na promulgação dos seus solenes decretos; e sempre lhe experimentaram o poder e a proteção.

7. Por isto a Igreja e os Padres dirigem a Maria estas expressões não menos verdadeiras do que esplêndidas: "Ave, ó boca sempre eloqüente dos Apóstolos; ó sólido fundamento da fé; ó rocha inabalável da Igreja" (Do hino dos Gregos Theotokion). "Ave: por ti nós fomos computados entre os cidadãos da Igreja, una, santa, católica e apostólica" (S. João Damasceno, Oratio in Annunciatione Dei Genitricis, n. 9). "Ave, ó divina fonte da qual os rios da eterna sabedoria, correndo com as puríssimas e limpidíssimas águas da ortodoxia, prostram a multidão dos erros" (S. Germano Constantinopolitano, Oratione in Dei Praesentatione, n. 4). "Alegra-te, já que só tu conseguiste destruir todas as heresias no mundo inteiro!" (no Ofício da B. V. M.).


Maria e a unidade da fé
8. Esta parte tão importante que a Santíssima Virgem teve e tem no curso de expansão, nos combates, nos triunfos da fé católica, torna mais luminoso o plano divino a seu respeito, e deve despertar em todos os bons uma grande esperança para a consecução de todas as finalidades que estão hoje nos anseios de cada um.
9. É preciso confiar em Maria; é preciso invocar Maria! Oh! quão eficaz será o seu poder para a solícita realização do novo e tão desejado triunfo da religião, isto é, que no meio dos povos cristãos uma única profissão de fé deva manter unidas as mentes, e um único vínculo de perfeita caridade estreite os corações! Que não estará ela disposta a fazer para que todas as nações caminhem unidas "na maravilhosa luz de Deus", quando com tanta insistência o seu Unigênito pediu ao Pai a união delas, e, por meio do batismo, as chamou a participar "da herança da salvação", adquirida com imenso preço? Poderá ela deixar de demonstrar a sua amorosa providência, quer para aliviar os longos trabalhos que para tal fim a Igreja, Esposa de Cristo, enfrenta, quer para realizar na família cristã esse dom da união que é o fruto precioso da sua maternidade?

A antiga unidade e o culto de Maria
10. E um sinal de que o augúrio não está tão longe de verificar-se está na opinião e na confiança, tão ardentes nas almas piedosas, de que Maria será o feliz laço que, com a sua força, unirá todos aqueles que amam a Cristo, onde quer que estejam, formando deles um só povo de irmãos, prontos a obedecer, como a um pai comum, ao Vigário de Cristo na terra, o Pontífice Romano.
Aqui o pensamento reporta-se espontaneamente, através dos fastos da Igreja, aos magníficos exemplos da primitiva unidade, e com mais gosto se detém na recordação do grande Concílio de Éfeso. Porquanto a plena concórdia da fé, a participação nos mesmos sacramentos, que então unia o Oriente e o Ocidente, aqui parece realmente afirmar-se com singular firmeza e brilhar de nova glória, quando os padres do Concílio anunciaram autorizadamente o dogma da divina Maternidade de Maria: a notícia de tal acontecimento, promanando daquela religiosíssima cidade exultante, encheu o mundo católico da mesma incontida alegria.

A oração pelos dissidentes, agradável a Maria
11. Todas estas razões, que sustentam e aumentam a confiança de ser ouvido pelo poder e pela bondade da Virgem, devem ser, para os católicos, outros tantos incitamentos para a rogarem - como Nós vivamente recomendamos -com fervoroso empenho. Reflitam os fiéis em quanto é para eles decoroso e útil, e ao mesmo tempo quão aceito e grato para a Virgem Santíssima, este empenho.
De feito, possuindo eles a unidade da fé, dessarte manifestam que justamente têm grandíssimo apreço o valor deste benefício, e que querem guardá-lo com todo escrúpulo. Nem podem eles manifestar de melhor forma o seu amor fraterno para com os separados, do que ajudando-os eficazmente de modo que possam reencontrar o maior de todos os bens. Tal afeto fraterno, verdadeiramente cristão, sempre operoso em toda a história da Igreja, achou sempre a sua força principal na Mãe de Deus, excelente fautora de paz e de unidade. S. Germano de Constantinopla assim a invocava: "Lembra-te dos cristãos, que são teus servos; ah! recomenda as orações de todos; conforta as esperanças de todos; reforça a fé; estreita as igrejas na unidade!" (S. Germano Constantinopolitano, Oratio Hist. in Dormitione Deiparae).

O culto de Maria entre os Orientais
12. E ainda hoje os Gregos lhe dirigem esta oração: "Ó Virgem toda pura, que podes sem temor aproximar-te de teu Filho, roga-o, ó toda santa, para que Ele dê a paz ao mundo e inspire um mesmo sentimento a todas as igrejas; e todos nós te aclamaremos!" (Men., 5 maii, post oden 9 de S. Ireneu V. M). E aqui se junta aos outros um motivo especial pelo qual é lícito esperar que a Santíssima Virgem escutará com maior benignidade as nossas preces em favor dos povos dissidentes, e esse motivo é o dos insignes méritos que eles - mas especialmente os orientais adquiriram para com ela. Porque é a eles que muito se deve se a sua devoção tanto se difundiu e cresceu.
Entre eles surgiram grandes apologistas e defensores da sua dignidade; panegiristas célebres pelo fogo e pela delicadeza da sua eloquência; "imperatrizes diletíssimas a Deus" (S. Cirilo de Alexandria, De Fide ad Pulcheriam et Sorores Reginas) que imitaram os exemplos da puríssima Virgem e lhe tributaram homenagens com a sua munificência; e, por último, igrejas e basílicas erguidas em sua honra com esplendor régio.

As imagens de Maria do Oriente ao Ocidente
13. A esta altura apraz-nos aditar uma consideração que, enquanto não é estranha ao assunto, ao mesmo tempo redunda em glória da santíssima Mãe de Deus. É esta: todos sabem que muitíssimas das suas augustas imagens, em diversas épocas, foram trazidas do Oriente para o Ocidente, e, especialmente na Itália e em Roma, foram acolhidas com suma piedade e honradas com magnificência pelos nossos avós, e veneradas depois pelos seus descendentes com não menor transporte.
Ora, Nós gostamos de verificar neste fato unia disposição e um benefício da amorosíssima Mãe, já que isso parece querer significar que essas imagens são, junto a nós, como que, palpitantes monumentos de outros tempos, em que a família cristã vivia unida em toda parte do mundo; e como que preciosos penhores de uma comum herança. Por isto, ao contemplá-las, como que por inspiração da própria Virgem devem as almas piedosamente lembrar-se daqueles que a Igreja Católica chama com amorosa solicitude à antiga concórdia e à alegria que já provaram no seu seio.

O Rosário, oração eficaz para os dissidentes
14. Assim, um grande auxílio em vantagem da unidade da Igreja é-nos por Deus oferecido em Maria. E, conquanto este auxílio de muitos modos, possa ser merecido, Nós cremos que o melhor e o mais eficaz é o do Rosário já de outras vezes fizemos observar que não última entre as vantagens do santo Rosário é fornecer ao cristão um meio prático e fácil para alimentar a sua fé e preservá-la da ignorância e do perigo do erro; como manifestamente nos demonstram as suas próprias origens.
Ora, não é meros claro o quanto toca de perto a Maria esta fé, que se exercita quer com a repetida oração vocal, quer com a meditação dos mistérios. Porquanto, toda vez que nos pomos em oração diante dela e recitamos com devoção a santa Coroa segundo o rito prescrito, nós recordamos a obra maravilhosa da nossa redenção, de modo a contemplarmos, como se se desenrolassem agora todos aqueles fatos que sucessivamente concorrem para torná-la ao mesmo tempo Mãe de Deus e Mãe nossa.
A excelência desta dupla dignidade e o fruto deste duplo ministério mostram-se-nos sob uma vivíssima luz, se piedosamente considerarmos a Virgem Maria ao lado de seu divino Filho nos mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos. Daí resulta sentir-se a alma inflamada de um vivo sentimento de gratidão para com ela; e, desdenhando todas as coisas deste mundo, esforçar-se com firme propósito por se tornar digna de tal Mãe e dos seus benefícios.
Aliás, já que Maria, a mais amorosa de todas as mães, não pode deixar de se enternecer e de se mover à compaixão para com os homens por esta freqüente e piedosa recordação de tais mistérios, o santo Rosário será., como temos dito, a oração mais oportuna para advogar junto a ela a causa de nossos irmãos dissidentes. Isto entra em cheio na missão da sua maternidade espiritual.
De fato, aqueles que pertencem a Cristo, não os gerou Nossa Senhora, nem podia gerá-los, senão na unidade da fé e do amor a Ele. "Acaso Cristo foi feito em pedaços?" (1 Cor. 1, 13). Por isto, todos nós devemos viver juntos a vida de Cristo, de modo a podermos "colher frutos para Deus" (Rom. 7, 4), num só e idêntico corpo. Necessário é, pois, que todos aqueles que a maldade dos acontecimentos separou desta unidade sejam de novo, por assim dizer, gerados para Cristo, desta mesma Mãe que Deus tornou perenemente fecunda de santa prole.
Ela, por sua parte, nenhuma outra coisa deseja mais ardentemente; e, se nós lhe oferecermos coroas tecidas desta oração a ela tão cara, Alaria lhes obterá em abundância os auxílios do "Espírito vivificados". Praza a Deus que eles não recusem secundar os desejos desta sua misericordiosíssima Mãe; e que, lembrados da sua eterna salvação, escutem este amoroso convite: "Ó filhos, por quem de novo sinto as dores do parto, até que Cristo seja formado em vós" (Gl 4, 19).

O Rosário difundido na Igreja do Oriente
15. Havendo observado o grande poder do santo Rosário em tal terreno, alguns dos Nossos Predecessores procuraram por todos os meios difundi-lo nos países orientais. Primeiro entre todos, Eugênio IV com a sua Constituição Apostólica "Advesperascente", de 1139; depois Inocêncio XII e Clemente XI, que com a sua autoridade concederam, para este fim, largos privilégios à Ordem dos Frades Pregadores.
E os frutos não se fizeram esperar longamente, graças ao zelo e à atividade dos religiosos dessa Ordem, como está provado por inúmeros e claros documentos; se bem que aos progressos de tal obra fizesse não pouco dano a prolongada contrariedade dos tempos. Mas, nos nossos. dias, naquelas regiões tem voltado a reflorir em muitos corações o mesmo entusiasmo pela devoção ao santo Rosário, que louvamos no principio desta Carta. E esperamos que este fato, tão condizente com os Nossos desígnios, seja utilíssimo à realização dos Nossos votos.

Novo templo à Virgem do Rosário em Patras
16. A esta esperança se junta um fato consolados, que diz respeito tanto ao Oriente quanto ao Ocidente, e que é plenamente conforme aos Nossos desejos. Queremos referir-nos ao propósito, expresso no célebre Congresso Eucarístico de Jerusalém, de erigir-se um templo em honra da Rainha do Santíssimo Rosário em Patras, na Acácia, não longe daqueles lugares nos quais a proteção de Maria fez brilhar as glórias do nome cristão.
Já muitos de vós, exortados pela Comissão, surgida com a Nossa aprovação, pressurosamente contribuístes para essa obra com subscrições, juntando-lhes também a promessa de um constante interesse até que a coisa esteja realizada. E, com isto, já se proveu a quanto basta para iniciar, sem mais, os trabalhos com a grandiosidade que convém a esta obra; e Nós já autorizamos lançar-se solenemente, o mais breve possível, a primeira pedra desse edifício. O templo surgirá em nome do povo cristão, qual monumento de perene gratidão à nossa Auxiliadora e Mãe celeste. Lá ela será invocada incessantemente em rito latino e grego, a fim de que, com sempre mais benévola assistência, se digne de ajuntar aos antigos novos favores.
Mostra-te Mãe!

17. E agora, ó Veneráveis Irmãos, a Nossa exortação volta ao ponto do qual partiu. Eia, pois! que todos, pastores e rebanhos, especialmente no próximo mês, se coloquem, cheios de confiança, sob a proteção da augusta Virgem. Em público e em particular não cessem, com cantos, orações e votos, de invocar e suplicar concordemente a Mãe de Deus e Mãe nossa: "Ah! mostra-te Mãe!". Que a sua clemência maternal queira preservar de todo perigo sua família inteira: que a conduza a uma verdadeira prosperidade, e sobretudo a estabeleça na santa unidade. Guarde ela com benevolência os católicos de todas as nações, e, unindo-os pelos vínculos da caridade, torne-os mais ativos e mais constantes em sustentar a honra da religião, da qual promanam, mesmo para os povos, os bens mais preciosos.
Guarde, depois, com suma benevolência também os dissidentes: essas grandes e ilustres nações, essas almas eleitas, que sentem a dignidade cristã. Suscite nelas salutares desejos, e depois os alimente e os leve a cumprimento. Redundem em vantagem dos dissidentes orientais a ardente devoção que eles professam para com Nossa Senhora, e os numerosos feitos realizados pelos seus antepassados para a glória dela. Depois, em vantagem dos dissidentes ocidentais redunde a lembrança do salutar patrocínio com que ela teve como cara e recompensou a extraordinária piedade que todas as classes sociais lhe professaram por muitas gerações.
Para estes dissidentes e para todos os outros, onde quer que se achem valha a voz unânime e suplicante de todos os povos católicos, e valha a Nossa voz, que até o último alento invocará: "Mostra-te Mãe!".
Entrementes, como auspício dos dons celestes e em atestado da Nossa benevolência, de todo coração concedemos a cada um de vós, ao vosso clero e ao vosso povo a Nossa Bênção Apostólica.

Dado em Roma, junto a S. Pedro, a 5 de Setembro de 1895, no décimo oitavo ano do Nosso Pontificado.

Papa LEÃO XIII

Via Humanitatis do Bem-aventurado Alberione

Para rezar, com Maria,  a Mãe da Humanidade

O que é a Via Humanitatis? Histórico
O opúsculo com o texto da “Via humanitatis” foi enviado pelo bem-aventurado Tiago Alberione a todos os membros da Família Paulina como um “dom natalício” no Natal de 1947.
O que é Via humanitatis?
É uma oração que segue o modelo da “Via sacra”. Enquanto a “Via sacra” se desenvolve sobre um só segmento da paixão e morte do Salvador, a “Via humanitatis”, proposta por Padre Alberione, tem uma dimensão cósmica. O destino da pessoa humana – o seu “Caminho” – começa com a criação e a revelação natural, passa através da revelação sobrenatural da Bíblia, culminando na Encarnação de Cristo, continua na vida da Igreja e se conclui na parusia e na vida eterna. Maria está sempre presente na Via Humanitatis.

Metodologia
Não é só uma oração, portanto, mas uma proposta teológica, baseada na doutrina de Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida. Cada um dos 30 quadros dos quais é composta a “Via humanitatis”, tem uma breve reflexão teológica (Verdade), uma invocação para assimilar a reflexão na vida concreta (Caminho) e uma oração (Vida).
A cada quadro são acrescentadas as referências bíblicas correspondentes, para facilitar a utilização durante a oração.
Introdução
Caminho da vida. Via humanitatis
Por Maria: em Cristo e na Igreja.
Tudo vem de Deus-princípio; para regressar a Deus-fim:
Maria guia ao caminho certo, que é Cristo; na Igreja por ele fundada. Em Cristo Verdade-Caminho-Vida tem-se a adoção de filhos.
O homem e a humanidade, por Cristo invisível e na Igreja visível, têm bem temporal e eterno.
Todos os filhos são esperados na casa do Pai celeste; cada um, por meio de Maria, pode encontrar o Caminho-Cristo; todos a indiquem em espírito de caridade.
No Santuário Jesus Mestre (PDDM)
I
A Santíssima Trindade reúne-se em conselho, do qual sai o decreto: «Façamos o homem à nossa imagem e semelhança» (Gn 1,26). Maria Santíssima, na mente de Deus, foi pensada como a obra mais admirável da criação.
Isto é, o princípio e o fim último de toda a criação.

Meu Senhor, sou inteiramente obra do teu amor onipotente.
Adoro-te, meu Deus, uno na natureza e trino nas pessoas.
Agradeço-te porque me fizeste para a felicidade
que está em ti e para a tua eterna glória.
Salva-me com a tua onipotência suplicante!
Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

II
Adão e Eva são criados, colocados no paraíso terrestre, elevados à ordem sobrenatural e favorecidos por grandes privilégios; vivem em diálogo familiar com Deus, na esperança de virem a ser admitidos na bem-aventurança eterna (cf. Gn 1,4; 25).

És bendita, ó bondade infinita de Deus!
Além da vida natural, infundiste na pessoa
a vida sobrenatural da graça.
Tu a adotaste como filho,
chamado à tua mesma felicidade;
Tu a cumulaste de um amor livre e espontâneo.
Ilumina-me, para que possa conhecer
o grande tesouro da tua graça.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.
No Santuário Rainha dos Apóstolos
III
Adão e Eva, tentados pela serpente, caem no pecado, são despojados dos privilégios e dons celestes. Deus, misericordioso, preanuncia que uma Mulher esmagará a cabeça da serpente, em vista do Filho reparador e redentor (cf. Gn 3,1-24)

Bendita a misericórdia do Pai celeste!
Bendito o Filho de Deus
que se oferece para reparar o pecado do homem!
Bendito o Espírito Santo
que, em Maria, inaugura a nova
geração dos filhos de Deus!
Bendita a nova Eva,
esperança do gênero humano!

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

IV
A humanidade se multiplica. Deus dispõe os tempos e prepara os homens para receberem o Redentor, seu Filho. Elege, pela sua fé, Abraão como chefe de um povo do qual nascerá o fruto bendito de Maria, o Salvador do mundo (cf Gn 12,1-9;22,1-19).

Adoro e dou graças, meu Deus,
Pela tua amável e sábia Providência.
No meio das trevas do erro acende a luz da tua Verdade;
na corrupção universal, tu és o Justo;
em meio a tanta idolatria, a humanidade, em qualquer recanto da terra,
sempre alimentou um culto sincero a ti.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós

v
Deus dá a Lei a Moisés: quem a observa, dispõe-se a acolher a revelação e a graça da redenção. Os Justos e os Patriarcas, em expectativa, esperam o redentor, são salvos.
Assim, no deserto, quem era mordido por serpentes venenosas e dirigia o olhar para a serpente de bronze, alcançava a salvação (Cf. Ex 20,1-21; Nm 21,4-9).

És bendito, ó Pai, Filho e Espírito Santo, três pessoas em um só Deus.
Sempre estiveste perto da humanidade pecadora e errante,
e lhe indicaste o caminho e a esperança. A Lei foi dada por meio de Moisés,
a verdade e a graça por Cristo salvador.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

VI
Deus suscita continuamente profetas e escritores sagrados no povo eleito: são luz para os retos; são apelo para os errantes; são conforto para os fracos. Escrevem a futura vida de Cristo e prefiguram a história da Igreja (cf. 1 Sam 1,19-28; At 9,1-19).

Eu te bendigo, ó meu Deus, com todos os povos.
Agradecemos e te adoramos!
Escreveste na criação as tuas grandezas,
na consciência a tua Lei,
na Bíblia as tuas eternas promessas.
Tu és o eterno fiel e sempre amável!
Abre a minha inteligência para compreender a tua voz de Pai amoroso.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

VII
O Arcanjo Gabriel, enviado por Deus, propõe à Virgem Maria a maternidade divina. Maria aceita esta missão admirável; o Verbo se encarna no seu seio. Jesus Cristo é verdadeiro Deus e verdadeiro homem, o Messias prometido, o Mestre divino, o Sacerdote eterno (cf. Lc 1,26-38; 2,1-7; Hb 8,1-13).

Eu te bendigo, Senhor, porque realizaste as tuas promessas
na voz dos profetas.
Eu te bendigo, ó Espírito Santo, que desceste sobre Maria;
eu te bendigo, ó Filho divino,
que encarnaste, para estabelecer na Terra o reino da verdade, da santidade e da graça.
Adoro este mistério de poder e de amor.
Eis a salvação para todos os povos!


Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

VIII
Jesus Cristo nasce em Belém. É acolhido por Maria e José, pelos pastores e pelos magos; inicia a sua escola de virtude, de verdade, de bondade. Abaixou-se até à condição de homem para elevar o homem até Deus. Foi dado para ruína e salvação dos homens (cf. Lc 2,8-39).

És bendito, adorado e acolhido por todos, ó Mestre divino, humilde e manso.
Tu agradaste ao Pai,
e todo aquele que se faz semelhante a ti
terá o beneplácito do Pai celeste.
Tu és o Filho encarnado:
por ti e em ti nos transformamos em filhos adotivos de Deus.
Tu és salvação para quem te acolhe,
e condenação para quem te rejeita.
Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

IX
Jesus Cristo pratica as virtudes individuais, domésticas, religiosas, sociais. Restaura o homem, a família, a sociedade civil. Renova o povo de Deus. Glorifica o Pai dum modo digno. Leva uma vida de humildade, de obediência, de oração e de trabalho (cf. Lc 2,39-52).

És bendito, ó Mestre divino,
porque te fizeste semelhante a nós,
para nos tornar semelhantes a Deus.
Restauraste as ruínas provocadas
pelo mal e pelas paixões.
Mostraste-nos que podemos herdar
a felicidade divina se, sobre esta terra,
vivermos uma vida semelhante à tua.
Faze que te possamos conhecer, imitar e amar.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

x
Jesus Cristo, terminada a escola do exemplo em Nazaré, inicia a escola da palavra. Sobre o monte das bem-aventuranças traça o caminho da paz e da salvação e revela Deus aos homens, anunciando a nova lei do amor (Cf. Lc 4,14-30; 6,20-38).

Eu te adoro e te dou graças, ó Mestre Divino,
por te declarares Verdade, Caminho e Vida.
Eu te reconheço como Caminho que devo percorrer,
Verdade que devo crer,
Vida que devo desejar.
Tu és meu tudo;
e eu quero ser tudo em ti: inteligência, vontade e coração.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.
.
XI
Jesus Cristo escolhe os doze, que chama Apóstolos, para continuarem no mundo a sua missão. Funda a Igreja, povo de crentes e seu corpo místico, e a confia aos cuidados pastorais de um chefe, Pedro, para que seja nela verdade, caminho e vida (cf. Lc 12,19; Mt 16,13-19).

És bendito, ó Jesus Cristo,
que fizeste do sacerdote um outro «Jesus».
És bendito porque instituíste a Igreja como
nossa mãe, mestra e guia.
És bendito, por a teres fundado sobre Pedro,
infalível e católica.
Meditarei sempre as tuas palavras: «Como o Pai me enviou,
também Eu vos envio a vós»:
a pregar, guiar e santificar a todos.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XII
Jesus Cristo entrega-se ao Pai como hóstia de reparação e de louvor; morre para ser a nossa vida na Terra, mediante a graça e a glória no Paraíso. A justiça e a misericórdia abraçam-se; o Pai, em Cristo, reconcilia-se com o homem; o Paraíso é de novo aberto; a todos é dirigido o convite para nele entrarem.

És bendito, ó Jesus Cristo, sacerdote e vítima.
Vítima perfeita e pontífice digno!
Em ti está a salvação, a vida e a ressurreição.
O teu sangue é fonte de salvação:
que ele se derrame sobre mim e me salve!
Ele caia sobre o mundo inteiro, o purifique e salve.
Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XIII
Jesus Cristo ressuscita do sepulcro; aparece a Pedro, aos doze e aos discípulos. Mostra os sinais da sua ressurreição. Nos quarenta dias que ainda permanece sobre a Terra, revela grandes mistérios, completa a sua obra de salvador, realiza prodígios admiráveis e confere poderes divinos (Cf. Lc 24, 36-53).

És bendito, ó Jesus:
morreste enquanto homem,
ressuscitaste porque Deus.
Confirmaste a tua doutrina
com a verdade da tua ressurreição.
A fé é o fundamento da minha salvação.
Confirma em mim uma fé viva,
operosa e irradiante. Que eu creia cada vez mais
e seja uma lâmpada que ilumina à minha volta.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.


XIV
Jesus estabelece Pedro como seu vigário visível; confia-lhe todos os fiéis e pastores; torna-o infalível quando ensina; dá-lhe autoridade para servir e amor para santificar: «Apascenta as minhas ovelhas»; entrega-lhe as chaves do reino dos Céus (Cf Jo 21,15-23).

És bendito, ó Jesus Mestre,
que em Pedro estás presente,
ensinas, confirmas, salvas.
Quem está com Pedro está contigo;
quem se separa de Pedro é como
um ramo que se separa da videira..
Separamo-nos com a mente através da descrença;
com a vontade pela rebelião,
com o coração pelo pecado.
Eu creio que Pedro é para mim
Verdade, caminho e vida em Cristo.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

xv
O Espírito Santo desce sobre Maria e os Apóstolos e enche-os de sabedoria, fortaleza e zelo. A Igreja nasce, acolhe multidões, inicia o seu caminho, dirige-se a todo o povo, e será viva até ao fim do mundo (cf. At 2,1-13).

És bendito, ó Mestre Divino, que prometeste e enviaste
o Espírito Santo de junto do Pai
para iluminar e santificar a Igreja.
Por intercessão de Maria Santíssima,.
renova o Pentecostes;
suscita apóstolos em todos os tempos
e dá-lhes o Espírito de sabedoria
e de inteligência, de ciência e de conselho, de piedade e de santo temor de Deus.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.


XVI
Apóstolos e sacerdotes, em todo o tempo e lugar, anunciam a boa notícia ao mundo. Parte dos homens acolhe a palavra de salvação, parte fica indiferente ou persegue os evangelizadores. A Igreja é ruína para quem a rejeita e salvação para quem a acolhe. Jesus Cristo e satanás são os dois extremos: o homem na sua liberdade pode escolher (Cf. Lc 10,1-16).

Eu te bendigo, ó Mestre divino,
porque me fizeste escutar a tua Palavra de verdade.
Ela me iluminou e despertou em mim
o arrependimento, o amor e a confiança.
Que ela ressoe em todos os cantos da Terra.
Torna dóceis os corações, para que produzam trinta, sessenta e cem por um.
Ó Maria, prepara os corações
e obtém para eles o Espírito Santo.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XVII
São dois os caminhos. Um é largo e fácil, mas conduz à perdição, e muitos o percorrem; o outro é estreito, mas leva à salvação. Aqueles que são sábios se esforçam por entrar pela porta estreita. O primeiro é o caminho da liberdade do pensamento, da moral e do culto. O segundo é o caminho da fé sincera, dos mandamentos, da oração. Cada um escolhe (Cf. Mt 7,13-14).

Eu te agradeço, ó Mestre divino,
por me teres iluminado.
Da tua parte não me deixaste faltar nada:
nem luz, nem exemplos, nem graça.
Choro por mim mesmo
e por todos os que se deixaram arrastar pelos caminhos do mundo,
das paixões e do mal.
Salva-me! Quero seguir o caminho da vida.
Atrai a ti o meu coração.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XVIII
Jesus Cristo é sempre Verdade, Caminho e Vida na Igreja. Deve-se acreditar na Igreja como ao próprio Jesus Cristo. «Quem vos ouve, a mim ouve». A Igreja é mestra na fé. É intérprete da revelação contida na Escritura e na Tradição. A Igreja é infalível nas coisas da fé e da moral (Cf. Mt 10,40-42).

És bendito, Ó Mestre divino.
Faz que as pessoas acreditem, professem,
se alimentem e vivam da fé.
Sem fé não é possível agradar a Deus, nem salvar-se.
A fé é um dom de Deus.
Todo aquele que a pede com sinceridade, a obtém.
Perde-se quando se segue doutrinas que se opõem à Igreja.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XIX
A Igreja, como Jesus Cristo, é mestra da santidade. Para nos salvarmos é preciso praticar a sua moral. Somos santos quando vivemos os mandamentos da Lei de Deus e os preceitos da Igreja e os deveres do próprio estado. A Igreja tudo guarda, propõe e inculca (Cf. At 2,42-47; 4,32-35).

És bendito, ó Mestre divino, que na Igreja
e com a Igreja continuas a ser o meu caminho.
Quem te segue caminha em direção ao céu.
Quem se afasta de ti, perde-se:
não escuta nem à Igreja, nem a ti, nem ao teu Pai.
Bendita seja a voz da mãe-Igreja pelos seus filhos.

Cada filho pródigo ressurja e regresse ao Pai
e à sua mãe..

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

xx
A Igreja, em Jesus Cristo, é mestra de oração e de vida espiritual. Ela recebeu e administra os Sacramentos. O batismo dá a vida, a crisma confirma-a, a reconciliação a restaura, a eucaristia a alimenta, a unção dos enfermos a completa, o matrimônio garante a sociedade civil, a ordem assegura a continuidade da Igreja (Cf. 1Cor 14,1-25).

Eu te agradeço, ó Mestre divino,
autor dos sacramentos que a Igreja administra.
Neles operas com as tuas virtudes divinas.
Por eles vivemos e operamos em ti,
como o ramo vive da videira
e nela frutifica.
Por eles tenhamos o teu gozo eterno.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XXI
Principal meio para viver em Cristo é a Eucaristia. Por ela perpetua-se o sacrifício da cruz. Por ela Jesus Cristo permanece sempre entre as pessoas e comunica os frutos da sua presença. Por ela as pessoas unem-se a ti com a mente, a vontade e o coração (Cf. 1Cor 11,233-34).

Eu te agradeço e bendigo, ó Mestre divino,
que na última Ceia instituíste este sacramento,
mistério da fé, de amor e de graça.
Contigo, em ti e por ti, Jesus hóstia, adoro,
agradeço, reparo e suplico o Pai Celeste.
És bendito por teres instituído o sacerdócio
que renova, guarda e distribui a eucaristia.
Os sacerdotes são teus ministros
e distribuidores dos teus mistérios.
Quero viver uma vida eucarística.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XXII
A Igreja é confiada a Maria. Na criação, na redenção, na distribuição das graças e na ordem da glória, Maria ocupa um lugar proeminente. Ela dá Jesus Cristo ao mundo e a todos as pessoas. É mãe de Deus e da Igreja. Todos os bens nos vêm por Maria. De Maria vem a vida. Ela é nossa mãe (Cf. Jo 19,25-27; Gl 4,4-5).

És bendito, ó meu Deus:
como a vida natural vem da mãe,
assim a vida sobrenatural vem de Maria.
É a raiz que faz brotar a flor,
é a mãe que dá o fruto bendito do seu ventre,
é a aurora que anuncia o sol.
Onde entra Maria, entra também Jesus.
Quem encontra a Mãe, encontra também o Filho.
Por Maria o caminho é seguro e breve.
Jesus nos precede com o exemplo:
Ele se fez filho de Maria.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XXIII
A vida cristã é imensamente superior à vida humana. Leva à felicidade eterna. O cristão autêntico evita o pecado, vive a fé, pratica os mandamentos, celebra o culto cristão. Cumpre os deveres de estado, no seio da família e da sociedade. Comporta-se como bom pai, bom filho, bom cidadão, bom profissional (Cf. Cl 3,1-25).

Eu te agradeço, ó meu Deus, porque quisestes
instaurar todas as coisas em Cristo.
Chamaste o homem a imitar a
tua vida divina, em Cristo.
Muitos fiéis se distinguem na prática
das virtudes ordinárias, honram a Deus,
a Igreja e a sociedade.
Em muitos casos, são também benfeitores da humanidade.
Devo imitar a Deus em Cristo, vida da pessoa.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XXIV
Em Cristo e na Igreja a civilização cristã encontra resposta: a convivência cristã dos povos. A civilização cristã é orientada segundo o evangelho, segundo a interpretação feita pelo magistério pontifício. A convivência cristã é humano-evangélica, na verdade, na ordem, na paz, no progresso. É caminho para o reino de Deus (Cf. 1Pd 2,1-17).

Adoro a tua sabedoria, ó Mestre divino.
Quiseste a sociedade civil e a
Igreja independentes, mas numa cooperação admirável.
Quiseste a união entre todos os povos:
todos filhos de Deus;
redimidos pelo teu sangue;
a caminho da casa paterna.
Na civilização cristã está o máximo progresso
Temporal e espiritual.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

xxv
A Igreja foi instituída una, como um é Jesus Cristo e um é Pedro. Nela há unidade de fé, de governo, de caridade, embora na multiplicidade dos povos e das culturas. A catolicidade, a apostolicidade, a romanidade, são as notas que a distinguem. Todos são convidados a entrar na Igreja (Cf. Ef 1,22; 5,23; At 8,1; 11,22; Gl 6,10; 1Ts 5,15; 1Cor 1,10).

Eu te agradeço, Mestre divino, pela instituição da Igreja, mãe dos crentes. Eu creio, amo, coopero, sofro pela sua difusão; com o teu exemplo tu a redimiste com o teu sangue e a quiseste santa, gloriosa, imaculada.
Regressem a ela os filhos dissidentes, entrem nela todos aqueles que ainda não acreditam. Devo ser um filho digno desta mãe para ser um digno filho de Deus.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XXVI
Deus deixa a pessoa livre, embora lhe dê uma lei e lhe proponha a verdade, pedindo um culto espiritual. Mas, terminada a vida de provação, Deus chama cada pessoa ao seu juízo: Jesus Cristo projetará sobre a pessoa uma luz pela qual ela verá tudo quanto fez e tudo o que omitiu. Em consequência disto, as sentenças podem ser três: paraíso, purgatório, inferno (Cf. Gn 2,3; Dt 11,26; 30,15-19; Jr 21,8; Rm 6,22; 14,18).

Eu te agradeço, meu Deus,
Pai que me criaste para ti.
Eu saí das tuas mãos criadoras!
Regressarei às tuas mãos de Juiz e de Pai.
A eternidade depende de mim;
quem quer se salva.
Preciso da tua graça:
muita luz, muito conforto.
Eu espero em ti. .

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.
.
XXVII
O inferno é um estado de castigo eterno para os rebeldes. Não procuraram a Deus e por isso serão privados dele para sempre. Seguiram livremente o mal e experimentarão para sempre a pena. (Cf. Lc 16,19-31).

Meu Deus, eu te agradeço a luz que hoje me dás.
Só se vai para o inferno, conscientemente, voluntariamente. Posso evitar o pecado e obter o perdão das minhas faltas cometidas.
«Livra-nos, Senhor, das penas do inferno». O verdadeiro mal é o pecado;
Devo temer mais o pecado do que a morte.

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XXVIII
O paraíso é o prêmio eterno para aqueles que obedeceram. Procuraram a Deus e o possuirão para sempre. Os que procuraram os bens espirituais, e os gozarão eternamente. O Paraíso é visão de Deus, merecida por termos cumprido a sua vontade; é a alegria em Deus, por tê-lo amado (Cf. Is 65,17-25; Ap 2,7; 22,2-5).

Eu te agradeço, Mestre divino,
pela esperança que infundiste no meu ser.
Eu creio e espero a vida eterna.
Contemplo Jesus à direita do Pai;
a virgem Maria à direita do Filho;
uma multidão impossível de se enumerar.
São necessárias: a graça e a cooperação.
Quem reza, se salva, quem não reza se condena.


Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XXIX
No fim dos tempos, todos ressuscitarão; cada um terá o seu próprio destino. Haverá a definitiva separação eterna. Aparecerá o Juiz; tudo será manifesto e se ouvirá a sentença final: «Vinde, benditos, para o Reino do meu Pai»; «Ide, malditos, para o fogo eterno». Os justos entrarão na vida; os maus, no castigo eterno. Epílogo da história humana, dia do Senhor, de verdade e de justiça (cf. Mt 25,31-46).

Medito, ó Mestre divino,
as tuas palavras eternas.
Será glorificada a misericórdia
e a justiça de Deus;
será exaltada a redenção;
serão reconhecidos os méritos dos eleitos;
serão confundidos todos os maus.
Penso nos deveres sociais: «Tudo o que fizestes a um destes irmãos mais pequenos, foi a mim que o fizestes».

Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

XXX
A redenção chega às pessoas através das pessoas. Sacerdócio hierárquico, religiosos, religiosas, leigos, cooperadores na missão. «Como o Pai me enviou, assim eu vos envio a vós». A Igreja reúne e e apascenta ovelhas e cordeiros para convidá-los amavelmente a regressar ao redil celeste. Deus quer salvar todas as pessoas e que todas cheguem à verdade (Cf. 1Tm 2,3-7).

Jesus, Divino mestre,
manda bons operários à tua messe.
A messe é grande,
Jesus, apóstolo do Pai,
faze-me escutar o suspiro do teu coração:
um só rebanho, um só pastor.
Apostolado da vida interior,
do sofrimento e da oração,
do exemplo e das edições,
da palavra e das vocações,
apostolado da caridade na verdade.
Suscita, ó Maria, um forte desejo
de salvação em Cristo e na Igreja.
Glória a Deus nas alturas e paz na terra às pessoas de boa vontade
Ó Jesus Mestre, Verdade-Caminho-Vida, tem piedade de nós.
Ó Maria, Rainha dos Apóstolos, roga por nós.

Oração ou canto do Credo.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Mensagem Mariana do bem-aventurado Alberione

Pe. João Roatta, ssp (1913 –1985)
Apresentar a mariologia de nosso Fundador é, a meu ver, trabalho não isento de dificuldades. Para justificar a afirmação e favorecer, simultaneamente a compreensão de tudo o que ele nos deixou sobre o assunto, pareceu-me oportuno relatar o suceder-se das impressões em mim despertadas e que me acompanharam durante o trabalho de seleção e esquematização de seus escritos sobre a Virgem Mãe.

Volumosa produção de escritos marianos

A pesquisa realizada em grande parte dos escritos do Pe. Tiago Alberione, a fim de descobrir-lhe as principais linhas de reflexão, induziram-me a assinalar, juntamente com muitos outros temas, também as passagens nas quais ele fala de Maria Santíssima. No fim, encontrei-me com um acervo de centenas de anotações, algumas das quais incluíam longas páginas e até livros inteiros dedicados pelo Pe. Alberione a Maria. Analisei já 1698 páginas nas quais ele fala expressamente de Maria ou a ela se refere de algum modo.

Num primeiro balanço do vasto material, achei-me diante de um aglomerado de elementos que se sucedem e repetem sem ordem ou com escasso planejamento crítico. Senti-me seriamente embaraçado e surgiu-me angustiosa a pergunta: Seria possível extrair desse volumoso acervo de páginas, algo de válido e original? Alguma coisa que possibilitasse estruturar as idéias mestras do pensamento mariológico do Pe. Alberione, que nós devemos assumir e promover no seio de nossa família religiosa e, eventualmente, pôr à disposição dos outros?

A pesquisa, contudo, punha em evidência uma constatação que não podia ser subestimada: em toda a sua produção literária, Alberione reservou lugar preponderante ao tema "Maria", o qual constitui a "constante" preferencial e indispensável da sua reflexão, ocupando lugar de primeiro plano até quantitativamente. Limitando-nos mesmo aos livros que escreveu, mais de metade são dedicados a Maria.

Uma segunda pergunta era, portanto, espontânea: como explicar sua insistência sobre "Maria", preferindo este a outros possíveis e plausíveis temas relacionados com sua missão específica? Em outros termos: que representa Maria para a missão específica do Pe. Alberione?

Outras fontes de pesquisa

A segunda pergunta sugeriu mudança de focalização. Fazia-se necessário, talvez, ter presente, além das 1698 páginas, o conjunto da figura e obra do Pe. Alberione, como a conhecemos ao longo de quarenta e seis anos. Ela nos facilitaria, talvez, a descoberta do verdadeiro sentido da sua devoção mariana e da eventual mensagem que nela se encerrava para nós.

Desfilava então, ante minha memória, suas fidelíssimas horas de oração diária, o número incontável de rosários - cujo cálculo seria certamente mais difícil do que o das frases escritas - e sua insistência sobre a devoção a Nossa Senhora, a indefectível introdução mariana para qualquer curso de exercícios espirituais ou retiros mensais ...Uma coisa sugere outra, ocorreu-me a idéia de reler as cartas que dele recebi durante minha permanência no Brasil (1955-1969). Descobri nela interessante veio mariano, no qual não tinha reparado, quando as cartas me chegavam espaçados no tempo. Descobri expressões interessantes e insistentes, condensadas em fórmulas breves, nunca repetidas, como: "Com rosários fervorosos e coroazinhas a São Paulo, achar-se-á uma solução; eu o faço daqui . "Peço à Rainha dos Apóstolos que ilumine". "A Rainha dos Apóstolos guarde a todos!""Maria Mestra. Assunto tão santo, tão querido, tão útil!" "Se publicardes um periódico sobre Maria alcançareis mais graças”. "Confiança em santos rosários... ", e numerosas outras sugestões e lembretes que constituíam o tecido de ininterrupta conversa mariana administrada por gotas.

Tornou-se-me evidente que a mensagem mariana do Pe. Alberione devia ser fruto de múltiplas comparações. Efetivamente, apresentava-se com toda clareza que a devoção a Maria, além de ser para o Pe. Alberione o esforço persistente de sua atividade sacerdotal e literária, era mais ainda compromisso sério de oração e de vida, insinuando-se até na correspondência de certo modo oficial entre duas pessoas.

Adentrando-se e concretizando-se sempre mais nessa direção, minha lembrança detinha-se prazerosamente no período da inauguração da Igreja dedicada à Rainha dos Apóstolos, resultado de um grande esforço extra-apostólico do Pe. Alberione, em cumprimento de uma promessa, cujas raízes afundavam no tempo sangrento e terrível da última guerra mundial. Certo dia, Pe. Alberione teve a coragem - reflexo natural daquela fé sempre vigilante e orientada para a ação - de dizer em nome de todos: "O Maria, Mãe e Rainha dos Apóstolos, se preservares a vida de todos os 'nossos' e 'nossas', levantaremos aqui uma igreja à glória de teu nome". Apesar dos gravíssimos perigos a que estivemos expostos durante a guerra, todos saímos ilesos. Naquele dia, portanto, nossas vidas, nosso sangue, foram postos da maneira mais concreta, na dependência de Maria e para o Pe. Alberione ela se revelou fonte incomparável de ação.


Saltando de um ano para outro, a lembrança deteve-se no dia 26 de novembro de 1971, quando o Pe. Alberione, no leito de morte, já em estado de coma, as mãos apertando o terço desgastado pelo uso, movia ainda os lábios em ritmo incessante - quiçá puramente mecânico - de oração a Maria.

Essa incursão no mundo das lembranças completava em mim a mudança de perspectiva: a mariologia do Pe. Alberione é, acima de tudo, e indubitavelmente uma atitude vivencial. Quem, portanto, quiser acolher sua mensagem mariana para transmiti-la, deverá tomar por ponto de partida, mais do que as páginas em louvor da Virgem, a própria vida e missão do Pe. Alberione. Mais: essas páginas numerosas e desorganizadas perderiam todo valor e sentido, se lidas fora do contexto de sua vida.


É justamente a consciência de ser instrumento de Deus e de dever assumir todos os valores da criatividade humana e da graça divina, num equilíbrio complexo, mas indispensável, que se nos revela o sentido genuíno da devoção e da mensagem mariana do Pe. Alberione.

"Estamos sujeitos à tentação do desequilíbrio"

Vejamos uma das afirmações típicas com a qual o Pe. Alberione focalizou sua mensagem essencial:"Encontramos grandes obstáculos e dificuldades para unificar as duas vidas, pois estamos sujeitos à tentação do desequilíbrio. Fixemos nosso olhar em são Paulo, em Maria e no Mestre divino" (Pr SP, 255). Tratava-se, portanto, para ele, de "duas vidas" que deviam ser vividas numa só, isto é, contemplação-ação, instrumentalidade-liberdade, recursos humanos-auxílio divino, valores da eficiência prática-supremacia da oração; o perigo consistia em não saber realizar o equilíbrio. Os modelos bíblicos que escolheu são três, Cristo, Maria, são Paulo.

A inclusão de Maria neste contexto era a indicação muito preciosa do que ela significava para a sua vida.

A intuição do equilíbrio pleno que deve existir no "instrumento" era um elemento verdadeiramente essencial da própria missão do Pe. Alberione.

O estudo dos vínculos que o prendiam a Cristo Caminho-Verdade-Vida e a são Paulo, oferecerá, sem dúvida, esclarecimentos mais completos sobre quanto essa intuição do equilíbrio total de "instrumento" era constitutiva da própria missão do Pe. Alberione. Seja-nos suficiente por ora citar sua bela afirmação básica: "O equilíbrio perfeito está em Jesus Cristo" (CISP, 57) e recordar o prazer que ele experimentava ao observar seu modelo apostólico através de determinado prisma preferido:

"São Paulo foi homem de oração, mas ele se nos apresenta também dotado de inteligência verdadeiramente aguda, homem santamente astuto, de uma astúcia tal que seríamos tentados a condená-la como prudência humana. Mas é bem outra coisa! Ele amava o Senhor de modo prático, servindo-se, quando a necessidade o exigia, de todos os meios lícitos que Deus punha à sua disposição" (Pr SP, 267). O relevo é dos mais importantes para compreender a personalidade do Fundador.

Maria apresentava-se-lhe, com Cristo e são Paulo, na sua consciência clara, na sua plena maturidade e na luz de Deus, como a síntese mais sublime dos opostos.
Ela é a virgem e mãe, humilde e mais sublime do que todas as criaturas, é a escrava do Senhor e tem consciência de que todas as gerações a chamarão bem-aventurada, é contemplação silenciosa da Palavra de Deus e é iniciativa intensa de serviço e de amor aos cristãos, é mulher desconhecida do povo de Israel e é a Rainha do universo, é a esposa humilde e simples de um operário de Nazaré e é envolvida pela sombra criadora do Espírito Santo, que a faz instrumento imaculado para a vinda de Cristo na plenitude dos tempos.
Ela é, no sentido mais simples e verdadeiro, o "grande sinal" nos céus da humanidade. Nela revela-se harmonicamente Deus, seu método preferido para se comunicar com os homens e a eficácia irresistível de sua ação na história humana.



No íntimo de si mesmo, portanto, o Pe. Alberione viu Maria como o instrumento perfeito de Deus e, por conseguinte, como o ideal máximo de sua vida apostólica: "Maria correspondeu perfeitamente à sua missão, à sua vocação e aos desígnios de Deus.
Grande segredo de merecimento e glória esse! Também nós fomos distinguidos com vocação especial e Deus nos envolveu em corrente tão grande de graças que fomos obrigados a nos render" (MV, 40). "Quando Deus encontra uma alma humilde e dócil à sua vontade como Maria Santíssima, serve-se dela na execução de seus desígnios de caridade e sabedoria. Ela deve, porém, ser dócil como o pincel na mão do artista, humilde como o trapo na mão da dona de casa" (UPS, I, 486).

Eis, portanto, Maria intimamente presente no centro da personalidade de "instrumento de Deus"
do Pe. Alberione, o qual notava que também tudo se desenvolveu em Maria partindo daquele centro. Por esta razão devia ter existido nela a composição indispensável das "duas vidas", num equilíbrio perfeito: "A Virgem bendita soube acolher e conciliar em si mesma os dois métodos de vida, soube unir mérito e "glória destes dois gêneros de vida. Foi a mais próxima de seu Filho e ao mesmo tempo a que mais do que qualquer outro colaborou para o dar ao mundo" (IA, II A, 98).

Bastam estas poucas alusões para compreendermos o valor central que o Pe. Alberione atribuía
à presença de Maria em sua vida e instituição: "A devoção a Maria - parte do espírito paulino
tem para nós dois fins - nossa santificação religiosa e o apostolado pastoral: chegar às almas" (Pr RA, 231).

A síntese pessoal do Pe. Alberione

Tendo chegado a esta definição fundamental, onde, a meu ver, situava-se o verdadeiro centro de interesse do Pe. Alberione pela Virgem Mãe, minha pesquisa retomou em consideração o conjunto dos escritos mariológicos e os aspectos vários e contrastantes da vida de nosso Fundador, consumida entre rosários incontáveis e o árduo empenho de sua ousada eficiência apostólica.
E pensava: a devoção a Maria nasceu nele inspirada pelas causas mais simples e comuns, isto é, a mãe, a família, as santas práticas devocionais do tempo, os santuários marianos de sua adolescência, como também as encíclicas de Leão XIII que exerceram notável influência na orientação consciente de sua juventude. Grande parte de seu empenho mariológico sucessivo é devido, sem dúvida, àquela corrente popular e simples que florescia em toda a Igreja de seu tempo, encorajada ainda por aparições célebres.

Mas Pe. Alberione foi mais longe, interiorizando todo o acervo desta herança que - como acontece com muitas pessoas - poderia ter permanecido superficial. Ele transformou-a num elemento concreto de vida, conferindo-lhe - sob o impulso da missão à qual sentia-se chamado por Deus novos e carregados matizes pessoais, definições e relevos que sobressaem a cada passo na sua imensa produção literária, que à primeira vista não parece revestir grande valor.

Quais as linhas mestras da mariologia do Pe. Alberione?
Eram as que emanavam da consciência de sua missão e das necessidades de sua vida.
Tema fundamental era o de Maria Apóstola. O apostolado implica, de fato, um mandato ou missão (Maria eleita para dar o Cristo), dependência total em relação àquele que elege (vida de comunhão com Deus) e dedicação radical para realizar a missão da própria vida.

Em torno deste tema fundamental convergem todos os outros: Maria, Rainha dos Apóstolos,
vale dizer, o seu relacionamento com todos os chamados ao apostolado; Maria, a Mulher,
ponto sublime de referência para o ingresso amplo e nobre da mulher em novos campos de apostolado; Maria, a Adoradora (a primeira forma essencial de vida apostólica), e Maria, modelo de serviço e de amor para com os irmãos (a outra forma essencial da vida apostólica) .

Não obstante continuasse eu a refletir sobre tudo aquilo que o Pe. Alberione escrevera em suas páginas, não encontrava outros conceitos fundamentais, juntamente, é óbvio, com a insistência contínua para que todos cultivassem grande devoção a Maria, indispensável para todo chamado à vida apostólica, e que a exprimissem quer com o rosário quer com numerosas orações de teor apostólico, que ele próprio compôs em honra da Rainha dos Apóstolos e pôs à disposição de sua Família religiosa.

Na sucessão e repetição interminável e forçada de suas páginas havia, portanto um núcleo central de pensamento e uma lógica interna que embora envolta na trabalhosa e desorganizada alternância de prosas e intervenções - correspondia muito bem à lógica de sua vida.

Ponderado tudo cuidadosamente, parecia-me poder afirmar que no contexto geral da vida e missão do Pe. Alberione, Maria desempenha papel excepcional de equilíbrio e autenticidade.

Para a consciência bíblica do Pe. Alberione, chamado a ser instrumento de Deus, Maria sempre significou:

- É Deus que escolhe e age através de seus instrumentos, tendo em vista os séculos. Ele domina a história: estar totalmente à sua disposição é verdadeira sabedoria e grandeza. Maria o percebeu e o cantou de maneira sublime.

- Ela não esquecia que a vida humana, apesar de seriamente empenhada nos mais variados e humildes serviços e pontilhada de inúmeras penas, pode ser serenidade e canto. Há beleza, paz e harmonia para quem sabe fazer a experiência de Deus e sabe louvá-Io com todas as forças.

- Maria sabia também que o Espírito, transcendendo os valores imprescindíveis de dedicação, de eficácia e de justa autonomia pessoal, introduz outros valores, contrastantes, sim, mas que levam a novo equilíbrio, indispensável para o apostolado. Agindo interiormente, o Espírito Santo faz crescer e impulsiona os que são capazes de escuta. Dele provém a verdadeira força renovadora, ele é a fonte do dom da contemplação que enriquece e abre novos espaços de profundidade e de ação no mundo de Deus e dos homens; por ele, acha-se o valor do silêncio, da bondade, da simplicidade e da pobreza que influem na história antes da ação; o gesto contínuo e amável do serviço; o amor cotidiano, paciente, fiel; a possibilidade e a força para avançar com coragem até à imolação, sem jamais desanimar, ceder ou maldizer; por ele acha-se a beleza moral que valoriza e fortalece a fisionomia do homem; há sempre o tempo para dizer um "obrigado" e para dedicar às finezas do espírito; e enfim, dele recebemos, para além dos confins imediatos da vida humana, a perspectiva do reino e da vida eterna em Deus, na identificação com ele e na participação de sua glória.



- Em tudo o que Maria é, há portanto, contestação radical contra tudo o que, embora sendo valor autêntico, mas parcial, arrisca reduzir o sentido e a força da vida apostólica, projetando desequilibradamente a pessoa naquilo que não é autêntico, no provisório ou no unilateral, onde não existe espaço para o "diálogo de comunhão" com Deus, nem a justa dimensão para o crescimento da vida, nem verdadeiro apostolado para os homens que esperam o Cristo.

- Os valores de habilidade, os meios e a eficiência humana exigem algo de mais profundo para
entrarem na "história da salvação". Maria é, em si mesma, a proclamação viva da contestação bíblica:

"Não se vanglorie o sábio de sua sabedoria, não se glorie o forte de sua fortaleza, não se orgulhe o rico de sua riqueza. Aquele, porém, que se quiser gloriar, glorie-se em ser sensato e conhecer a mim, que sou o Senhor que exerço a misericórdia, o juízo e a justiça na terra e nisso me comprazo, diz o Senhor" (Jr 9,22-23).

Este excepcional influxo equilibrador de Maria, determinou, juntamente com Cristo e Paulo, a vida e a missão do Pe. Alberione. Conservando-se decididamente neste clima, soube cultivar, unidos, os dois aspectos indispensáveis da vida apostólica, a espiritualidade e a ação. Soube ser o iniciador de espiritualidade apostólica moderna e o pioneiro de uma ação intensa que assumiu deliberadamente as leis do trabalho, da administração e da organização à maneira humana. As duas atitudes foram nele igualmente preeminentes. Jamais uma sufocou a outra; pelo contrário, uma exercia sobre a outra uma espécie de ação regeneradora; da oração emergiam novos compromissos de ação, e os novos empreendimentos exigiam recurso mais intenso à oração. Com clara evidência, jamais separou a ação da contemplação, exprimindo perfeitamente raro equilíbrio cristão. Jamais poupou despesas para a ação, dedicando-lhe, pelo contrário, audaciosamente, meios e forças até ao extremo, mas também nunca regateou gastos para os seus templos, suas devoções e as de seus filhos, para a dignidade e suntuosidade do culto. Destarte, Pe. Alberione jamais perdeu o fio de seu diálogo com Deus nem com os homens, jamais deixou passar a oportunidade para novas audácias de atividade, nem ocasião propícia para proporcionar a si e aos seus tempos fortes para o espírito. Soube deixar-se envolver pelo cuidado dos pormenores e pela preocupação até certo grau de ansiedade e nervosismo, mas soube manter-se espiritualmente livre, superior a flexões e desânimos, paternalmente dedicado às pessoas que reunira em torno de si, na esfera dos interesses mais profundos do espírito e da vida.

No primeiro Congresso para os Religiosos (Roma, 1950), dissera: "Necessitamos de santos que nos precedam nestes caminhos ainda não palmilhados e em parte sequer indicados". Refletindo atentamente, julgo que ele teve por missão específica exatamente a de exprimir em si mesmo, como forma de santidade, a composição equilibrada e vantajosa de forças que aparentemente se repelem, mas que devem coexistir, isto é, contemplação e eficiência prática, abandono humilde nas mãos de Deus e adoção corajosa das leis autônomas da ação, que implicam a gestão econômica, os meios e as leis da comunicação social.

Maria - demonstra-o a presença de rosários em todos os espaços possíveis da ação e da vida - teve parte decisiva no difícil equilíbrio vital de nosso Fundador.

Sua mensagem mariana

Existe, portanto, no Pe. Alberione uma mensagem mariana para nós?

Podemos afirmar. que nosso Fundador nos transmite importante mensagem mariana, a qual está ligada só indiretamente ao longo trabalho redacional que, tomado em si e por si, poderia, até, deixar-nos enganadamente perplexos, contudo, tomada no contexto de sua missão, adquire valor indicativo, no sentido que a presença de Maria se introduz em toda parte, em todos os argumentos ("oportuna e importunamente"), afirmando que ela é percebida como válida para tudo o que pertence à missão paulina.
Eis sua mensagem direta, que se refere especificamente à nossa vocação apostólica e ao equilíbrio espiritual que ela exige:

para ser apóstolo ou instrumento de Deus é indispensável o equilíbrio de vida (contemplação-serviço) do qual Maria foi o modelo perfeito, como é também ela que o gera em toda alma que compreende o sentido verdadeiro do apostolado, e que é dar Jesus Cristo. Assim como ela mesma fez.

Concluindo: se passar por Maria é o caminho de Cristo, não poderá deixar de ser também o nosso: "Entrai no caminho. Cristo que passou por Maria, dá-nos como que o direito de acreditar que uma obra não está perdida, nem sem esperança, se começa com Maria e com ela continua. Maria é o principio e encontra-se no caminho de tudo aquilo que interessa ao reino de Deus por meio de Jesus Cristo" (RdA, 15).